Durante a pandemia do novo coronavírus, os casos de golpe na internet, principalmente feitos pelo WhatsApp, tiveram crescimento de quase 50%. conforme dados fornecidos pela Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública). As táticas usadas pelos golpistas são atualizadas na mesma velocidade em que mais pessoas têm prejuízos.
Segundo a secretaria, os crimes ocorridos no “local” internet cresceram 49,28% de 2019 para 2020 em Mato Grosso do Sul. No primeiro ano de pandemia, foram 887 casos de estelionato a mais que em 2019. O delegado Juliano Cortez Toledo Penteado, da Devir (Delegacia de Crimes Virtual), explica que existem pelo menos sete tipos de “histórias” utilizadas pelos criminosos para aplicar o golpe.
“Para aplicar os golpes, o autor subtrai ou clona o WhatsApp de alguém. Para subtrair a conta do aplicativo, o golpista transfere a conta para o seu próprio celular (momento em que o aplicativo passa a não funcionar mais no telefone da vítima. Para clonar, ele simplesmente colocar a fotografia da vítima no perfil, que utiliza um número diferente, e passa a dizer aos familiares e amigos dela que mudou de número por alguma razão”, explica o delegado.
O Jornal Midiamax preparou um guia, com apoio da Devir, para detalhar quais cuidados os usuários do aplicativo devem ter, com objetivo de evitar que os crimes aconteçam, e quais as abordagens mais comuns.
Tipos de golpes
- Falso borracheiro: o golpista se passa pela vítima, entre em contato com seus parentes e amigos, dizendo que estava viajando quando furou o pneu do carro na estrada. Ele diz que a borracharia que fará o conserto não passa cartão, e pede para que a pessoa faça um pix ao borracheiro – que na verdade é um cumplice do estelionato.
- Falso sequestro: o golpista faz uma chamada de áudio pelo próprio aplicativo, informando o falso sequestro de algum ente próximo e pedindo o resgate.
- Falso cartão clonado: o golpista se apresenta como funcionário de um setor de segurança do banco em que a vítima possui cartão de crédito, e pergunta se ela fez uma compra em outra cidade. A vítima nega ter utilizado o cartão e o golpista alega que o mesmo foi clonado, e solicita que sejam feitos procedimentos de segurança para substituição do mesmo. Então, ele pede para que ela corte o cartão ao meio para danificar a tarja magnética e entregue a um motoboy que será enviado para recolher o cartão. Além disso, ele pede para que a vítima fale seus dados pessoais, alegando que precisa confirmar sua identidade.
O delegado Juliano Cortez chama a atenção para o fato de que cortar o cartão faz com que o golpista transmita certa veracidade na aplicação do crime. “O chip é mantido intacto e atualmente apenas ele e a senha são suficientes para realizar as compras com cartão.
Além de que, segundo Cortez, os dados podem ser usados inclusive para compra online. “Quando ele pede os dados, anota as informações pessoais porque algumas lojas online conferem os dados para aceitar a compra”, alerta.
- Falso representante do setor de segurança de site de vendas: a vítima anuncia um produto em alguma plataforma online juntamente com seu telefone. O golpista entra em contato com ela pedindo que confirme o número que foi enviado por SMS para seu celular, mas na verdade é um código que permite a transferência do WhatsApp para outro telefone.
Recentemente, esse tipo de golpe foi usado em todo o Brasil com o nome do Ministério da Saúde, em pesquisa falsa sobre a Covid-19.
- Falso intermediados de compra e venda: uma vítima anuncia a intenção de vender um produto e o golpista clona o anúncio passando a receber mensagens de interessados. Posteriormente o golpista entra em contato com o vendedor e com os possíveis compradores, se apresentando como intermediador, mas para o comprador o golpista informa uma conta corrente diferente daquela titularidade pela vítima, e não repassa para o comprador o valor devido pelo produto vendido.
- Golpe do falso boleto: o golpista envia um boleto falso para a vítima informando que seu CPF será negativado em poucas horas caso não seja pago.
Ainda segundo o delegado, nesse tipo de golpe, muitas pessoas pagam o boleto antes de se informar sobre a suposta dívida. “É importante consultar o banco para confirmar os dados existentes no boleto e, caso não reconheça, procure informações junto ao Procon, órgão de defesa do consumir”, explica.
- Golpe da pedofilia: o golpista começa a conversar com a vítima utilizando a fotografia de uma pessoa jovem e, com o tempo, trocam fotos de nudez. Posteriormente, outra conta no WhatsApp – de um cúmplice – se identifica como policial civil e informa que os familiares do(a) jovem – que é menor de idade – foram até a delegacia registrar um boletim de ocorrência, e passa a exigir uma quantia da vítima como fiança, para que ela não responda pelo crime de pedofilia.
O delegado explica que, para que seja paga fiança nos crimes em que ela é permitida, somente é aplicada em casos de prisão em flagrante. “A pedofilia realmente é crime, e recomenda-se que sejam evitados diálogos com menores de idade ou jovens de idade duvidosa, principalmente quando as conversas tendem a ser de conteúdo sexual”, alerta.
Como evitar o prejuízo?
Cortez orienta que, nos casos 1 e 2 (falso borracheiro e falso sequestro), a vítima deve entrar em contato com outro familiar e relatar o que foi solicitado. “Não realiza depósitos em conta de terceiros. Peça para fazer uma chamada de vídeo para confirmar a identidade de quem está conversando contigo”, adverte.
Já no modo 3 (falso cartão clonado), a recomendação do delegado é para que a vítima desligue e utilize outro aparelho telefônico para entrar em contato com o banco. “Utilize outro aparelho telefônico para efetuar essa ligação, pois isso impede que a ligação seja interceptada pelo golpista. Preferencialmente, compareça no banco e relate o ocorrido para o seu gerente”, diz.
Já nos golpes aplicados por meio eletrônico, envolvendo plataformas de vendas, a recomendação é recusar qualquer intermediação durante a compra e venda. “Trate diretamente com o comprador ou vendedor”, alerta o delegado.
A última dica de prevenção é não repassar os códigos recebidos pelo SMS, e consultar os órgãos nos quais a pessoa diz pertencer – como no caso do Ministério da Saúde.
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