O PCC anda atrás de mim em Ponta Porã”, afirmou Fahd Jamil Georges, de 79 anos, durante audiência de custódia nesta terça-feira (20), quando a prisão preventiva dele foi mantida pelo juiz Roberto Ferreira Filho, da 1ª Vara Criminal de Campo Grande. “Fuad”, como é popularmente conhecido, estava foragido havia 10 meses, apresentou-se à Polícia Civil na segunda-feira (19) e, segundo sua defesa, o fato de estar sob ameaça da facção criminosa foi um dos motivos para isso.
Ao ser indagado pelo magistrado sobre o risco que correria no sistema prisional, o preso citou as ameaças do PCC. O juiz, então, perguntou se sentiria seguro na cidade onde sempre viveu e mantém negócios, Ponta Porã, fronteira com o Paraguai.
Depois de afirmar que gostaria de ficar “em casa”, e não preso, Fahd declarou que há sim risco grande na cidade .
As ameaças, segundo afirmou, foram textuais, recebidas há cerca de 45 dias. Os advogados dele dizem já ter comunicado a delegacia local sobre isso.
Como é rotineiro nas audiências desse tipo, o juiz também perguntou a Fahd Jamil sobre o momento da prisão em si, se houve algum tipo de ilegalidade, violência.
O senhor do outro lado do vídeo, na sala do Garras destinada à videoconferência, destacou não ter sido preso. “Eu me apresentei, eu não fui preso”.
Afirmou não ter sido maltratado pelos policiais e estar “bem seguro” na unidade de elite da Polícia Civil. Mas pontuou. “Eu queria não estar preso”.
Pulmão está grave” – Com a voz firme, ao ser indagado sobre as condições de saúde, comentou ter problemas pulmonares já faz 15 anos. Informou tratar-se em São Paulo, onde fez tratamento de câncer.
Os advogados dizem que ele tem um dos pulmões apenas e o outro com capacidade de 30%. O preso relatou precisar de dois aparelhos, um para inalação durante o dia e outro para conseguir respirar a noite que é, segundo ele, “colocado no nariz”.
Comentou, ainda, que o pulmão está “grave”
Diabetes e hipertensão são outras enfermidades citadas. Depois das perguntas de Roberto Ferrreira Filho, o advogado Gustavo Badoró fez perguntas e aí, provocado por ele, Fahd afirmou ter dores na coluna e hipertensão, além de sentir falta de ar para tomar banho sozinho.
Ficou decidido durante a audiência a realização de perícia médica para embasar nova avaliação do magistrado. Por enquanto, Fahd Jamil vai ficar preso em cela do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros), dormindo em colchão no chão.
Na audiência de custódia, foi dado prazo até esta quinta-feira (22) para defesa e acusação apresentarem os quesitos ao período sobre a saúde do réu. Depois, o resultado deve ser entregue em 5 dias ao juízo.
Se isso não acontecer, poderá haver decisão sem o laudo pericial.
Foi destacado pelo magistrado o fato de a audiência não tratar das acusações em si, mas sim do momento da priosão e de sua regularidade.
Fahd Jamil Georges é acusado de chefiar – junto com o filho Flavio Jamil Georges, 43 anos, que está foragido – organização criminosa dedicada ao tráfico de armas, milícia armada, corrupção de agentes públicos e assassinato.
Responde a três ações criminais derivadas da operação Omertà, que também levou à prisão o compadre dele, Jamil Name, 80 anos, e o filho dele Jamil Name Filho. Ambos estão no presídio federal de segurança máxima de Mossoró (RN) desde outubro de 2019, aguardando julgamento em ações por crimes do mesmo naipe.
pcms