Foi divulgado o Índice de Confiança do Agronegócio (IC Agro), pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela CropLife Brasil. Os dados indicam que fechou o primeiro trimestre de 2021 em 117,4 pontos, uma queda de 4,0 pontos em relação ao levantamento anterior. Mas ainda com o recuo, a análise apontou que o nível de confiança ainda está num patamar alto. O índice atual é 17 pontos superior ao do primeiro trimestre do ano passado, quando ocorreu o início do impacto da Covid-19. De acordo com a metodologia do estudo, resultados demonstram otimismo quando são superiores a 100 pontos, e pessimismo quando ficam abaixo dessa marca.
O Índice de Confiança das Indústrias (Antes e Depois da Porteira) inseridas nas cadeias agropecuárias recuou 6,2 pontos, chegando a 110,7 pontos.
De acordo com as informações divulgadas pela Fiesp, o humor das indústrias de insumos foi influenciado pelas condições do mercado no fim do primeiro trimestre, o que explica a queda de 4,9 pontos no índice de confiança das indústrias situadas Antes da Porteira, que fechou a 108,0 pontos. Tanto as avaliações das condições atuais quanto das expectativas recuaram. Considerando que a comercialização de insumos agropecuários começou o ano de forma antecipada, muitas empresas vislumbravam um indício de crescimento no mercado. “Os produtores, porém, começaram a se afastar das negociações, que evoluíram pouco em março – em parte pelo atraso na colheita da soja, mas também pelo aumento dos preços dos insumos causado pela desvalorização do real. Isso mostrou que, talvez, o mercado não evolua tanto quanto se imaginava”, pondera Christian Lohbauer, presidente executivo da Croplife Brasil.
Já as indústrias situadas Depois da Porteira foram, dentre todos os segmentos pesquisados, as que mais perderam confiança no primeiro trimestre de 2021. Seu índice fechou em 111,9 pontos, queda de 6,7 pontos em relação ao levantamento anterior. “Um dos motivos foi a pressão de custos trazida pela alta dos grãos e do boi gordo a setores como o de alimentos. As margens dos frigoríficos no mercado interno, por exemplo, passaram praticamente todo o trimestre pressionadas. A piora nas estimativas para o crescimento da economia prejudica, além disso, as perspectivas para o consumo”, completa Betancourt.
Os produtores agropecuários se mantiveram entusiasmados. Seu índice de confiança permaneceu praticamente estável, fechando o primeiro trimestre do ano em 126,7 pontos (um recuo de apenas 0,98 ponto).
Os produtores agrícolas compõem o grupo mais confiante dentre todos os que fazem parte da pesquisa: 127,9 pontos. “Os aspectos positivos foram os preços, nos quais os agricultores demonstraram um dos maiores graus de entusiasmo em todo o histórico do levantamento, a produtividade, que em março se consolidava em ótimos patamares nas principais regiões produtoras, a despeito do clima atribulado durante boa parte da safra, e o crédito”, diz Lohbauer.
Apesar disso, o índice recuou 1,3 ponto sobre o trimestre anterior, puxado pelo principal fator negativo do levantamento. “Aumentou o pessimismo em relação aos custos de produção, impactados pelo real desvalorizado e pela alta das matérias-primas no exterior”, complementa Lohbauer.
Assim como aconteceu com os agricultores, o nível de confiança dos pecuaristas se manteve estável, fechando o trimestre em 122,9 pontos, uma oscilação de 0,1 ponto para cima. “Os bons preços do boi gordo e do leite e a oferta de crédito foram fatores positivos, que ajudaram a sustentar o resultado. A avaliação dos custos de produção também piorou, mas não tanto quanto no caso dos produtores agrícolas. A explicação é que para o produtor pecuário o maior impacto provocado pela alta dos grãos ocorreu no quarto trimestre de 2020”, observa Betancourt.