O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello disse nesta quarta-feira, 19, à CPI da Covid no Senado que a pasta respondeu as ofertas da Pfizer inúmeras vezes ao longo das negociações sobre vacinas contra a covid-19 desde o primeiro contato de prospecção, por volta de maio.
O ministro respondia a pergunta do relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), senador Renan Calheiros (MDB-AL), sobre carta da farmacêutica enviada no início de setembro a diversas autoridades brasileiras, como o presidente Jair Bolsonaro e o próprio Pazuello, mas a carta permaneceu sem resposta por dois meses.
Pazuello se dispôs a oferecer todas as comunicações entre o ministério e a empresa. Depois lembrou que não tem mais acesso aos documentos do Ministério da Saúde, e recomendou que a CPI requisitasse.
Ele argumentou ainda que não se envolveu diretamente em todas as negociações com a Pfizer por entender que as conversas deveriam ser travadas pelo setor administrativo da pasta e não pelo próprio ministro.
O general também repetiu aos senadores que à época das negociações com a Pfizer, estranhou as cláusulas colocadas pela empresa. Admitiu, no entanto, ter se deparado com cláusulas semelhantes posteriormente em outras negociações sobre imunizantes contra a covid-19.
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), sugeriu que pode ser feita uma eventual acareação entre Pazuello e o ex-presidente da Pfizer no Brasil Carlos Murillo.
Imunidade de rebanho
Questionado pelo relator Renan Calheiros sobre a tese da imunidade de rebanho, Pazuello afirmou que “em hipótese alguma” o governo fez o uso dessa estratégia na qual parte da população contaminada faz com que a disseminação do vírus seja reduzida.
O ex-ministro afirmou que acredita nessa teoria, mas que no caso do coronavírus, ela não poderia ser aplicada. “Que tem possibilidade ter imunidade a partir de várias pessoas não há dúvida, mas como não se sabe como isso se comporta no coronavírus, não pode simplesmente achar que a partir da contaminação todos estão protegidos”, pontuou.
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