MS: Hospital de Câncer Alfredo Abrão da capital opera no “limite” financeiro

Com uma média de 200 consultas e 15 cirurgias por dia, o Hospital de Câncer Alfredo Abrão (HCAA), tem operado no “limite” para cobrir os custos de medicamentos e exames. O deficit financeiro gira em torno de R$ 500 mil, mas em alguns meses chega a bater R$ 700 mil, de acordo com a diretoria do hospital.

Atualmente, o hospital recebe cerca de R$ 3,5 milhões do Sistema Único de Saúde (HCAA). Desse valor, 65% vem da União, 20% do governo estadual e 14% município. Entretanto, de acordo com diretor-presidente Amilcar Silva Júnior, para cobrir todas as despesas e custos de tratamento, o hospital precisaria receber um repasse maior.

“Para pagar todas as contas e o custo dos tratamentos, o ideal seria recebermos 4 milhões. Só que nós recebemos de acordo com a tabela SUS, que desde 2013 não tem um reajuste. Então para cobrir esse deficit, sempre procuramos promoções de material”, explica o diretor-presidente.

Para enfrentar esse desafio financeiro e continuar oferecendo tratamento gratuito de qualidade, o HCAA lançou uma rifa de um trator John Deere, modelo 5080E, zero quilômetro. Cada ticket da rifa custa R$ 1.000,00 e 100% dos valores arrecadados serão destinados à compra de medicamentos e realização de exames para os pacientes.

“Nós ganhamos essa máquina para fazer uma rifa e reverter os valores para o hospital. Nós entramos com o pedido no Ministério da Fazenda, tem documentação aprovada e o processo está todo certinho. Os valores arrecadados serão usados para comprar medicação oncológica e realizar mais exames”, explica Amilcar.

Podem participar da promoção qualquer pessoa física, maior de 18 anos, com CPF válido, residente e domiciliada em qualquer estado brasileiro. Interessados podem acessar o site oficial do sorteio.

Custos

Ao todo, o hospital possuí 422 funcionários no geral, além de 75 médicos. Segundo Amilcar, a despesa mensal com equipes de enfermagem e outras funções é de aproximadamente R$ 1,2 milhão.

No caso dos médicos, os custos variam de R$ 700 mil a R$ 800 mil, dependendo do volume de consultas, cirurgias, quimioterapias e radioterapias realizadas por cada médico. De acordo com o diretor-presidente do hospital, os gastos com equipamentos, exames e material hospitalar também varia.

“O valor gasto em exames e procedimentos varia a cada mês. Por exemplo, alguns meses temos mais exames, outros meses temos mais cirurgias. Agora no mês outubro, por exemplo, temos muitos exames de mamografia, porque é um mês de conscientização. Então não é um valor fixo”, comenta Amilcar.

Segundo ele, a diretoria executiva do HCAA atua de forma voluntária, sem receber salários, com o objetivo de apoiar a fundação.

Além de enfrentar desafios para cobrir os custos, o hospital também destaca a necessidade de mão de obra especializada, especialmente na área de cabeça e pescoço. De acordo com Amilcar, o HCAA possui apenas um especialista na área.

“Então em relação aos atendimentos de cabeça e pescoço nós temos uma limitação. O médico não consegue entender 300 pessoas, por exemplo. Ele só consegue atender 25 por dia. A ideia é contratar alguém mais, só que em Campo Grande temos a escassez nessa especialidade”, explica o diretor-presidente do HCAA.

Atendimentos 

Atualmente, o HCAA atende 70% dos pacientes com câncer de Mato Grosso do Sul. De janeiro a setembro de 2023, o hospital  já realizou 44.116 consultas, 50.958 exames laboratoriais, 10.418 exames de imagem, 11.630 sessões de quimioterapia, 756 sessões de radioterapia e 2.144 cirurgias.

Também foram realizados 5.866 atendimentos via Pronto Atendimento Médico (PAM), 1.027 internações em enfermarias, 404 internações em Unidades de cuidado intensivo (UTIs) e 16.936 exames anatomopatológicos.

Ampliação 

Atualmente, o HCAA está passando por uma expansão de sua infraestrutura, com a construção de um novo prédio anexo. De acordo com o diretor-presidente do hospital, quando concluído, poderá dobrar o número de leitos, aumentando a arrecadação para atender aos pacientes.

“Se a gente duplicar os leitos, teremos uma arrecadação melhor. Hoje temos 55 leitos. Se conseguirmos terminar a ampliação, poderemos ter 202 leitos e a arrecadação subiria para 6 milhões”, comenta Amilcar.

Amílcar também enfatiza que, embora o aumento de leitos represente uma expansão significativa, ele não implica necessariamente um aumento proporcional no quadro de funcionários. “Para as funções administrativas, não haverá aumento, permanecerá o mesmo para as áreas de segurança e saúde”.

 

 

ass.com

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