O Paraguai resolveu ajustar os ponteiros de vez. A partir desta última segunda-feira (14), o país adotou o horário de verão como oficial durante todo o ano, mudando seu fuso horário de -4GMT para -3GMT, o mesmo de Brasília. O presidente paraguaio, Santiago Peña, sancionou a Lei n.º 7.354, e com isso o Paraguai deixa de compartilhar o mesmo horário com Mato Grosso do Sul, pelo menos na maior parte do ano.
Na prática, isso significa que, enquanto o Brasil não adota o horário de verão, quem vive em Mato Grosso do Sul vai estar sempre uma hora atrás dos vizinhos paraguaios. Se o Brasil voltar com o horário de verão, as cidades de fronteira, como Ponta Porã (Brasil) e Pedro Juan Caballero (Paraguai), poderão voltar a ter o mesmo horário. Mas até lá, quem transita entre os dois países vai precisar ficar atento ao relógio.
Documento de decreto assinado pelo presidente do Paraguai (Foto: Divulgação)
A rotina com hora trocada
Para quem vive nas áreas de fronteira, essa mudança pode parecer uma questão pequena, mas o impacto no dia a dia é real. Imagine marcar um encontro, ir ao banco, ou simplesmente combinar um almoço com alguém do outro lado da linha da fronteira – a diferença de uma hora pode gerar confusão. E isso sem contar o comércio, os serviços públicos e as empresas, que terão que se adaptar a essa nova realidade.
No Paraguai, a adoção do horário de verão já era uma prática entre outubro e março, com o objetivo de aproveitar melhor a luz natural. A ideia agora é manter esse horário o ano inteiro. Senadores e deputados paraguaios argumentam que, além de economizar energia, a mudança facilita a vida em relação aos países vizinhos, como Argentina, Uruguai e Brasil (quando este adota o horário de verão).
Sincronizar com quem?
Com a mudança, o Paraguai se alinha com o fuso de Brasília, Buenos Aires e Montevidéu, enquanto o Mato Grosso do Sul segue no fuso -4GMT, que compartilha com o resto do Brasil fora do horário de verão. A questão para o Brasil é: voltar ou não a mexer no relógio? Desde que o horário de verão foi abolido em 2019, a ideia de retomá-lo desperta debates e opiniões divididas. Enquanto alguns setores econômicos defendem a volta da medida, parte da população ainda lembra com certo alívio o fim da obrigação de adiantar o relógio.
Agora, com o Paraguai optando por manter o horário de verão o ano inteiro, a fronteira precisará se adaptar. No comércio, por exemplo, a diferença de horários pode complicar as rotinas de quem cruza a linha entre os dois países todos os dias. Bancos, supermercados, serviços públicos – tudo isso terá que se ajustar.
O que motiva a mudança?
A decisão do Paraguai também é motivada por questões econômicas. Ao se alinhar com os horários de seus parceiros no Mercosul, o país espera facilitar o comércio e as transações com os vizinhos. Para setores que lidam com negócios internacionais, estar no mesmo fuso horário de Brasília e Buenos Aires é uma vantagem prática.
Santiago Peña, o presidente paraguaio, defendeu que a mudança traria mais eficiência no uso da luz solar e ajudaria o país a se integrar melhor economicamente com a região. Para o Paraguai, essa mudança é um sinal de que o país está buscando uma maior sincronia com seus vizinhos e parceiros econômicos.
E do lado brasileiro?
Enquanto o Paraguai olha para frente, a discussão sobre o horário de verão no Brasil continua em compasso de espera. Desde que o presidente Jair Bolsonaro aboliu o horário de verão em 2019, o debate sobre seus benefícios nunca foi totalmente encerrado. A ideia de economizar energia e sincronizar horários com vizinhos como o Paraguai volta à mesa, especialmente em estados de fronteira como Mato Grosso do Sul.
Mas por enquanto, a realidade é que o Brasil e o Paraguai, ao menos por boa parte do ano, estarão em horários diferentes. E para quem vive nas cidades de fronteira, essa “hora trocada” será parte da nova rotina.
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