Depois do Estado de Mato Grosso do Sul e da capital, Campo Grande, a cidade de Ivinhema, administrada pelo prefeito Juliano Ferro (PSDB), que, nas redes sociais, onde tem centenas de milhares de seguidores, se gaba de ser o “prefeito mais louco do Brasil”, ficou em terceiro lugar no ranking de distribuição de recursos por deputados federais e senadores por meio das “emendas Pix”, prática conhecida pela falta de transparência.
O posicionamento de Ivinhema no ranking de distribuição de emendas parlamentares individuais do tipo “transferência especial” indica que as políticas públicas passam longe de ser o critério adotado pelos congressistas para o envio de recursos.
A cidade, localizada no sul de Mato Grosso do Sul, é apenas o 18º município mais populoso do Estado, com 27,8 mil habitantes, mas, neste ano, recebeu em sua conta um total de R$ 3.124.000,00 em emendas Pix.
Os “pais” das emendas Pix para o município são o senador Nelsinho Trad (PSD), que mandou R$ 2 milhões para a cidade; a senadora Soraya Thronicke (Podemos), que enviou outros R$ 770 mil; e o deputado federal Beto Pereira (PSDB), que contribuiu com uma emenda Pix de R$ 350 mil para o caixa da prefeitura de seu correligionário Juliano Ferro.
Ivinhema recebeu mais recursos, por exemplo, que a cidade-polo de sua região, Dourados, que tem 243 mil habitantes e foi agraciada com R$ 2,08 milhões pelos parlamentares.
As emendas Pix têm sido alvo de ações no Supremo Tribunal Federal (STF) devido à falta de transparência. Nesta modalidade de envio de verba pública dos parlamentares para suas bases, não há exigência de informar a destinação do recurso da emenda.
No caso dessas três emendas, no sistema de distribuição do orçamento da União consultado pelo Correio do Estado, não há qualquer menção à aplicação dos recursos.
Ferro e a gestão
O ano tem sido de altos e baixos para Juliano Ferro. Ele foi reeleito prefeito da cidade com 81,29% dos votos de Ivinhema. Ao mesmo tempo, viu seu nome aparecer em investigações conduzidas pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU).
No caso da CGU, a gestão de Ferro é suspeita de superfaturar R$ 229,4 mil na compra de merenda escolar com recursos federais. Boa parte do sobrepreço teria vindo da compra de carne bovina para a merenda, com preços acima do mercado.
Já no caso da Polícia Federal, embora ele não esteja citado como envolvido diretamente em um esquema de tráfico de drogas, seu nome aparece nas investigações. Ferro mora na casa que pertencia aos investigados por tráfico e usava a caminhonete que era do grupo.
Saiba:
Quem mandou emendas Pix para Ivinhema em 2024?
- Nelsinho Trad (PSD) – R$ 2 milhões
- Soraya Thronicke (Podemos) – R$ 770 mil
- Beto Pereira (PSDB) – R$ 350 mil
Total de emendas Pix enviadas para MS no ano
- R$ 135,9 milhões
CE