Na última sexta-feira (24), a Advocacia-Geral da União (AGU) deu um passo firme na defesa do Pantanal: entrou com uma Ação Civil Pública cobrando R$ 725 milhões de três fazendeiros acusados de causarem danos ambientais em 6.419 hectares na região de Corumbá, em Mato Grosso do Sul. A área, equivalente a mais de 6.000 campos de futebol, teria sido devastada por incêndios e exploração agropecuária ilegal.
A operação, que recebeu o nome de Prometeu, teve início em setembro de 2024, com base em investigações da Polícia Federal (PF). As queimadas foram registradas entre junho e setembro de 2020. Posteriormente, os fazendeiros instalaram duas propriedades dedicadas à pecuária, ocupando 3.000 hectares cada. A AGU alega que os réus construíram estradas, currais e edificações no local, além de utilizarem motosserras e incêndios para derrubar árvores, prática que teria bloqueado a regeneração natural do bioma.
Os números da devastação
O órgão pede que sejam bloqueados os bens dos acusados no valor de R$ 212 milhões para cada ano de infração registrada pela PF. Além disso, a ação solicita que os réus elaborem um Plano de Recuperação de Área Degradada (Prad) e executem medidas de recuperação ambiental nas áreas afetadas.
Mesmo que os acusados sejam condenados criminal e administrativamente, a reparação ambiental não será descartada, reforçou a AGU. O órgão apresentou laudos e fotografias que comprovam as infrações, como o uso de motosserras e queimadas para expansão da atividade pecuária.
Mais do que dinheiro, uma tentativa de regeneração
A AGU não age sozinha. O caso reúne esforços da Pronaclima (Procuradoria Nacional de Clima e Meio Ambiente), da PGU (Procuradoria-Geral da União) e da Consultoria Jurídica do Ministério da Justiça. Para além da reparação financeira, a ação busca interromper a exploração contínua e garantir que o Pantanal tenha uma chance de se regenerar.
Os incêndios no Pantanal, um dos maiores biomas do Brasil, continuam sendo uma preocupação nacional e internacional. A operação Prometeu joga luz sobre o impacto da exploração desordenada e a urgência de ações que protejam o bioma de danos irreversíveis.
Fonte: AGU