O filme “Ainda Estou Aqui”, produção brasileira dirigida por Walter Salles e estrelada por Fernanda Torres, conquistou o Oscar de “Melhor Filme Internacional”. A produção foi indicada em outras duas categorias:
Melhor Filme
Melhor Atriz – (para Fernanda Torres).
O primeiro longa original do Globoplay, superou títulos como “Anora”, “O Brutalista”, “Um Completo Desconhecido”, “Conclave”, “Duna: Parte II”, “Emilia Pérez”, “Nickel Boys”, “A Substância” e “Wicked”.
Esta vitória marca um feito significativo para o Brasil, lembrando o histórico de “Central do Brasil”, de 1999, que também disputou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro (atualmente chamado de Melhor Filme Internacional).
Naquela ocasião, o diretor Walter Salles teve sua obra indicada, e a atriz Fernanda Montenegro, mãe de Fernanda Torres, foi indicada a Melhor Atriz. Apesar da grande expectativa, que veio após “Central do Brasil” vencer o Globo de Ouro, o prêmio não foi conquistado na época.
Os ganhadores daquela edição foram:
Melhor Filme Estrangeiro: “A Vida É Bela”, do diretor italiano Roberto Benigni.
Melhor Atriz: Gwyneth Paltrow, pela atuação em “Shakespeare Apaixonado”.
Oscar
A 97ª edição do Oscar aconteceu na noite deste domingo (2). Em sua estreia no Oscar, o anfitrião da noite foi o comediante e apresentador Conan O’Brien que contou com participação de nomes como Scarlet Johansson, Miles Teller e Ana de Armas.
Filme
O drama brasileiro Ainda Estou Aqui é baseado no livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva, que conta a história de sua mãe, a advogada e ativista pelos direitos humanos Eunice Paiva, durante a ditadura militar no Brasil. O papel de Eunice Paiva, falecida em 2018, foi interpretado por Fernanda Torres.
O enredo aborda a luta pela democracia, a resistência à opressão, a força da mulher, a busca por desaparecidos políticos e a importância da memória, a partir do desaparecimento, em 1971, do ex-deputado federal Rubens Paiva (com atuação de Selton Mello), marido de Eunice Paiva. O político brasileiro, que teve seus direitos políticos cassados em 1964, com o golpe militar, foi torturado e assassinado, no Rio de Janeiro. Seu corpo nunca foi encontrado.
Em 1996, foi emitido o atestado de óbito de Rubens Paiva. Em 2025, a certidão de óbito foi corrigida para constatar que sua morte foi causada por agentes do Estado durante a ditadura militar.
Durante uma entrevista recente à CNN, Fernanda Torres, premiada com Globo de Ouro de Melhor Atriz de Drama pelo trabalho como Eunice Paiva, descreveu a obra como “um filme sobre memória”.
“Muitas vezes falam: ‘O Brasil nunca fez isso’. E é verdade, o Brasil teve uma Ditadura Militar muito mais longa que acabou meio que se dissipando (…) o acordo desse fim de Ditadura foi uma anistia ampla geral e irrestrita para ambos os lados. Isso é difícil para quem teve parentes desaparecidos. Essa solução, por exemplo, jamais explicou pra família Paiva o que havia de fato acontecido com o pai deles. Eles nunca souberam, eles nunca tiveram o corpo”, disse a atriz.
Prêmio Goya
O filme brasileiro Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, venceu, no dia 8 de janeiro, o prêmio Goya 2025, na categoria de melhor filme ibero-americano. A premiação é considerada a principal do cinema espanhol.
Esta é a primeira vez que uma produção brasileira é indicada e vence a categoria. Nesta 39ª edição do prêmio, a produção brasileira concorria com outros quatro filmes: El jockey, da Argentina; Agarrame fuerte, do Uruguai; No lugar da outra, do Chile; e Memorias de un cuerpo que arde, da Costa Rica.
Em carta lida no momento do recebimento do troféu Goya, o diretor Walter Salles agradeceu a distância o prêmio à academia de cinema espanhol e ressaltou que esta é a primeira vez que um filme brasileiro foi indicado a uma categoria do Goya.
“Ainda Estou Aqui é um filme sobre a memória de uma família, durante a longa noite da ditadura militar no Brasil, que está entrelaçada com a memória do meu país. Gostaria de dedicar esse prêmio ao cinema brasileiro, a Eunice Paiva e toda a sua família, a Fernanda Montenegro e a Fernanda Torres”, disse em carta o diretor Walter Salles.
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